[Resultado] Desafio de julho ✍️ | Correio Fantástico #65
Parabéns: @shadowvini e @autor_lucassamuel!
E aí, Coven, bora de resultado? 🤩
Já que vocês não estão desenhando, tomei a liberdade de escolher os dois textos participantes com o tema FRIO. Vamos a eles:
✍️ Conto 1: Coração Congelado, de Vinícius Lima (@shadowvini)
O frio castigava o cavaleiro.
A fogueira não aquecia seu corpo, o vento não dava trégua. O cavalo tremia ao lado, partilhando o mesmo destino. Sobreviver mais uma noite, era tudo que precisava, na tarde do dia seguinte estaria em uma cidade. Na cidade haveria uma taverna, uma cama quente com cobertores.
Pensou no cobertor grosso que dera ao mendigo em Abrahar. Arrependeu-se por um instante, mas logo sorriu. Valera a pena. Ele podia não ter muito, mas aquele homem não tinha nada.
Abruptamente, um som estranho rompeu o uivo do vento. Ele se levantou. Um ganido, que se transformou em um urro.
Entre os arbustos cobertos de neve, um monstro surgiu. Tinha pelo espesso, escamas nas patas e no rabo, olhos em fúria, dentes como facas, e um assustador par de chifres cobertos de gelo. Um draco menor do gelo.
Talvez fosse o fim. Mas não sem lutar.
O cavaleiro ergueu espada e escudo, mas a armadura pesava, e o ataque foi rápido demais. Foi lançado ao chão com uma cabeçada do monstro, e lá ficou por um tempo, coberto de lama e neve. O cavalo relinchou, como quem sabia que seria o próximo alvo.
Alguns segundo depois, ele se ergueu trêmulo, não sabia se tremia pelo frio ou pela ansiedade do combate. Decidiu assumir uma posição defensiva.
A criatura pateou a neve. E investiu mais uma vez sobre o cavaleiro.
Mas então, um assobio findou o segundo ataque da criatura.
O monstro parou. Deitou como um cão domesticado.
Foi quando no acompanhamento surgiu uma mulher. Uma caçadora. Arco nas costas, orelhas pontudas, olhos azuis como o lado congelado.
Ela acariciou a fera e murmurou palavras, algum tipo de encantamento, que ele não compreendeu.
Mas compreendeu o que sentia.
E pela primeira vez em muito tempo seu coração se aqueceu.
O frio não significava mais nada para o cavaleiro.
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✍️ Conto 2: Glaciros, de Lucas Samuel (@autor_lucassamuel)
Cai a noite mais longa do ano, na segunda metade do mês de junho, e os glaciros se põem em ação. Nascidos do hálito gélido das brisas do inverno e nutridos pelas gotículas quase cristalinas do sereno, esses pequenos duendes do frio se regozijam na época em que estamos.
Seus corpos miúdos são azuis e eles usam elaborados cortes no cabelo feito de cristais de gelo, bem como roupas tecidas em teias de aranha, folhinhas e pétalas, mas preferem ficar invisíveis para melhor tramarem suas artimanhas. É na conta dos glaciros que devemos colocar nossa maior vontade de ficar na cama pela manhã, o frio nos pés mesmo com meias, a tosse e os espirros que frequentemente vêm nos fazer companhia. Eles acham graça de como o frio nos afeta, enquanto eles próprios lhe são imunes, inclusive dormindo na beira de rios ou em pedras úmidas na natureza, ou na geladeira de nossas casas, quando decidem passar nelas uma temporada.
É a época dos glaciros e do reinado do frio, mas logo a eterna dança das estações dará lugar ao clima quente, e então será a hora dos flâmios, os duendes do calor, os enxotarem para longe, até que voltem no ano seguinte. É bom lembrar que os flâmios trazem dias longos, luz e o verão, mas no fim todos os duendes são extremos por natureza, e passaremos a reclamar do excesso da sua energia, que nos faz suar em demasia e nos traz pernilongos à noite.
De fato, cada época tem seus prós e contras.
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Parabéns aos contos selecionados! Mês que vem ainda tem mais 🤩 E fica o convite para você participar da próxima edição: sempre pelo nosso Instagram!
Um abraço friozinho,
Dona Fantástica
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Parabéns aos escolhidos. Gostei bastante do segundo conto, dá pra fazer um roteiro de HQ.